sexta-feira, 11 de maio de 2012

A Bernardo

"O sol perguntou à lua" Não chega ouvir-te. Precisamos de te ver. Ver as narinas de touro e o olhar fulminante, nunca estás onde pareces estar. A quem és tu fiel? De onde te vem essa irresponsabilidade criativa onde três notas ganham o tamanho de uma sinfonia? Como se entra no túnel onde pareces entrar sempre que te concentras? E por que não conseguimos nós entrar? Já alguma vez encontraste, alguma vez e diz-me que sim por favor, esse êxtase vazio e sublime? Morreste, Bernardo! Valeu a pena? Há pianos onde estás, como disse o Abrunhosa? Como caíste, Bernardo? Esticaste-te? Tropeçaste? Espreitaste? Conseguiste ao menos tirar a fotografia? Podemos vê-la? A que sabe uma fotografia com cheiro a morte? O que deixas é maior que tu, mas só porque não te conhecemos. Somos o rei Minos numa Creta labiríntica: o medo que temos do Minotauro é igual ao medo que temos de aceitar que o sol perguntou à lua: logo vais aparecer? 20h28/a atravessar as cinco fases