o dia do divórcio. não há uma forma leve de passar por aquilo.
há quem pense que não é um papel que dita o verdadeiro divórcio, como há quem diga que um casamento não se faz pela conservatória. a verdade é que, perguntando a qualquer pessoa que já passou por isto, a verdade é que pesa. é um marco, é uma meta de chegada, mas apenas é uma meta de chegada vista na perspectiva do próprio dia e nos dias que o antecedem: de quem ainda não trocou a alma de sítio. é uma meta de partida, no dia a seguir e daí para a frente.
ontem um amigo meu divorciou-se. e o que eu mais desejava era poder pegar nele ao colo para não ter de passar pelas brasas descalço. a verdade é que é necessário ele caminhar sobre as brasas. pode ir de mão dada com alguém, mas ao lado, não a sofrer com ele. é uma angústia que só se pode vivÊ-la, angustiando. e essa angústia modifica, para sempre, a perspectiva do mundo e da vida. a pessoa que caminha sobre estas brasas não é a mesma pessoa que saiu na meta de partida. há toda uma mudança irreversível que nem adianta contrariar, só resta aceitar e rezar para que seja da melhor forma possível. passa a haver um termo de comparação, um antes e um depois e é importante que se saiba que o "depois" é tão bem melhor...
nunca fumei mas se calhar comparo com o "deixar de fumar". imagino que haja prazer em algumas cigarradas, mas voltar a sentir o verdadeiro sabor dos alimentos, voltar a ter qualidade de vida, ainda que o caminho pareça ser de pedras afiadas
"Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo."
não é uma utopia nem um oásis, há mesmo felicidade a seguir.
16'00/no meio do oceano