sexta-feira, 13 de agosto de 2021

O Mundo da Luzinha, porquê?

    Depois de uma Luz, onde o nosso mundo se recurva e vira do avesso, surgiu a necessidade de convergir a experiência da maternidade com tudo o que estava relacionado com o "velho mundo". Apesar de me sentir mãe da Luz muito antes de ela nascer, eu não me comportava como tal. Quando a Luz nasceu, as minhas rotinas alteraram-se de todas as maneiras, mas os meus gostos, não. Eu não podia deixar de ser eu na sua totalidade. A minha essência tinha de se manter: a minha música, as minhas letras, o gosto pela pedagogia, a minha arte. E como fundir agora todos estes gostos antigos sem me perder, sem me recalcar mas, ao mesmo tempo, sem beliscar em nada o lado maternal que tomara conta de mim? 

Tive de unir todos estes pontos:

Nasceu "O Mundo da Luzinha".

    A minha proposta é a de levar a mãe ou o pai, o professor, o educador ou simplesmente o curioso a debater-se com novas perspectivas que ampliem a experiência musical de forma a torná-la mais rica e mais completa, em prol do bem estar da criança e da sua estimulação psico-emocional. Não sendo a música unicamente uma experiência estética, é relevante nos tempos em que vivemos, consciencilizarmo-nos sobre as possibilidades da música como recurso pedagógico. Porque a música nasce connosco desde os tempos ancestrais. Porque todos temos música dentro de nós, começando pelo bater do coração. O importante é continuar a dar-lhe voz. É recuperar essa musicalidade que vamos perdendo à medida que crescemos e canalizá-la: fazer da música uma ferramenta ao alcance de todos. A música, como experiência psicológica, pode, na linha temporal,  modelar a personalidade da criança e ampliar-lhe a capacidade sensível e sensitiva. A música pode apresentar-se como escultora de personalidade da criança. E não é isso que queremos para os nossos filhos?


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Urge a esperança

 São 21.30 

Noite. Depois de jantar. Jantar esse quente. Podia ter sido frio, mas foi quente. Sentada com a minha família, com os meus cães, nas paredes que pintei, nas paredes que me amparam todos os dias na rotina do dia-a-dia, sem sequer me lembrar delas. Sem lhes dar a importância e o relevo que têm. Tenho uma casa. Tenho um lar. E apesar de tudo, tenho um lar.

Estes dias tive a sorte de poder visitar duas instituições que trabalham com crianças. Fiquei maravilhada com as meninas e os meninos que encontrei. Não é que estivesse à espera de outra coisa que não o que me deparei. mas a verdade é que fiquei surpreendida. Algo se moveu dentro de mim. Algo me desnorteou. talvez por ter levado a minha filha comigo. Não houve estranheza rigorosamente nenhuma, nem de um lado de do outro. Com os adultos, isto nem sempre acontece. Mas também não foi o meu caso. Todas as técnicas que conheci são seres especiais que consigo identificar à primeira. São muito mais que técnicas. São além disso, porque sem perder essa vertente da pragmaticidade, de resolver, de dar soluções, acrescentam o valor da humanidade. Um não ocultou o outro. Não perderam a capacidade de chorar. Não perderam a capacidade de se emocionar, por muitos anos que sejam confrontadas com situações terríveis. Parece que, às crianças, tudo ganha maior dimensão.

Afastei-me ligeiramente e absorvi, de longe, tudo o que cabia nos meus olhos. Olhei para a Luz. Fiz um esforço para me esquecer que era minha filha e "misturei-a" naquele grupo. Nada a distinguia. Nada fazia da Luz mais especial do que era. A minha surpresa vem agora. É que cada uma daquelas meninas e meninos tinham luz própria. Eram tão especiais. Tinham tanta individualidade em si. Consigo-os distinguir um a um, Mesmo agora que já passaram dias. Tenho tanta vontade de os abraçar a todos com tanta força. De os apertar contra o meu peito. Queria tanto entregar-lhes algo que os fizesse feliz. É tão importante que estas crianças soubessem que há outras possibilidades, outros mundos, outras rotinas, outras felicidades. Queria tanto que eles tivessem um vendaval de felicidade. Que ficassem submersos num mar de alegria, que se engasgassem de tanta emoção. Estes meninos têm de saber o que é isso. Se não tiverem estas experiências é a mesma coisa que lhes estejam a ser negados momentos de vida. E aqui, falamos de esperança. É urgente a esperança. 



a ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=KB6wVyMzdcQ