segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ao meu amigo Junior

a tua voz de sangue e tonalidade brasileiros, é como se trouxesses nas rastas a voz do caetano, do djavan e do gilberto. e essa gente que te rodeia e não se cala, apenas quando a camara passa e os olhares de além que não engana ninguém.

obrigada por todos os momentos iguais, por tudo em que tocaste e transformaste em Belo e Único.

pelo fado brasileiro em pleno oceano e em axé
pelo sorriso volátil
pelos anéis de metal no cabelo
pela saudade do avatar


passei a minha vida a resover problemas, a maior parte deles nunca existiram.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

summertime

o verão é propício a dilatações. engorda-se, minga-se, sua-se e seca-se. o que era bom passa a ser mau. o que era grande é agora mais pequeno que uma unha e o amor incondicional que eu sentia por ti, perdeu-se no meio dos pinheiros com o vento.
fico sempre espantada com a rapidez, não! o imediatismo das decepções.

há uns tempos atrás decidi, finalmente, ter aulas de iniciação de dança no varão: giríssimo!

única e absoluta observação do meu pai:

"-não há nenhum homem que mereça esse esforço"

pouco tenho para dar. a minha bagagem cabe num cartão multibanco. tudo o que possuo é descartável e não pertenço à localidade que vem escrita na minha cédula. não sei de quem sou, mas contigo, sou de menos um. com a minha mãe sou de menos dois e com a finalização da transação sou de menos três.

não me lembro de perder tanta gente em tão pouco tempo.

nem das cordas do violino pertenço por completo. estou com artrite nos tendões das mãos, portanto, passarei a ser de menos quatro.

só pode ser do calor dos incendios onde, de facto,




1.02/16 aug/dia das meninas no veterinário

domingo, 8 de agosto de 2010

a um soldado desconhecido

crio dentro de mim uma flor. a mesma do principezinho. penteio-a todos os dias, mimo-a e ofereço-lhe o meu tempo. quando a tiveres, vais usufruir das horas de riso em conjunto e do sal das lágrimas de todo o tempo que não te conhecia ainda. chorava a chorar a exaltação de todas as esperas, a tristeza deste "até quando" e tornava maior o caule da flor.

uma porta é, por excelência, a prova maior daquilo que uma mulher sente. tem uma certa influência: a porta abre-se melhor quando a mulher gosta. a minha flor é guardada numa teia de fios de ouro forjados pelo fogo de Hefesto. tenho medo de acordar. não sei porque perdi a coragem de te olhar.tenho uma raíz apodrecida que não tem razão de existir e me cria metástases nas íris e tudo o que desejo é que me entres pelos olhos adentro. can you be my superman?

esta flor que cresce e espalha as suas ramificações nos meus órgãos, hão-de agarrar-te um dia e sugar-te, e fundir-te, e ressequir-te, e a minha carne vai engolir a tua carne e, do meu ventre hás-de refulgir numa explosão de cor, seiva e placenta. alguém fez o nosso amor e desfez o nosso desencontro. quando vieres, faz-me um favor. traz tudo. mas traz mesmo tudo. traz também a saudade. e é como se a sentisse já a vaguear na minha pele, sem saber bem onde pousar.

0.08/domingo/casa do papá