quinta-feira, 7 de abril de 2011



o dia do divórcio. não há uma forma leve de passar por aquilo.
há quem pense que não é um papel que dita o verdadeiro divórcio, como há quem diga que um casamento não se faz pela conservatória. a verdade é que, perguntando a qualquer pessoa que já passou por isto, a verdade é que pesa. é um marco, é uma meta de chegada, mas apenas é uma meta de chegada vista na perspectiva do próprio dia e nos dias que o antecedem: de quem ainda não trocou a alma de sítio. é uma meta de partida, no dia a seguir e daí para a frente.

ontem um amigo meu divorciou-se. e o que eu mais desejava era poder pegar nele ao colo para não ter de passar pelas brasas descalço. a verdade é que é necessário ele caminhar sobre as brasas. pode ir de mão dada com alguém, mas ao lado, não a sofrer com ele. é uma angústia que só se pode vivÊ-la, angustiando. e essa angústia modifica, para sempre, a perspectiva do mundo e da vida. a pessoa que caminha sobre estas brasas não é a mesma pessoa que saiu na meta de partida. há toda uma mudança irreversível que nem adianta contrariar, só resta aceitar e rezar para que seja da melhor forma possível. passa a haver um termo de comparação, um antes e um depois e é importante que se saiba que o "depois" é tão bem melhor...
nunca fumei mas se calhar comparo com o "deixar de fumar". imagino que haja prazer em algumas cigarradas, mas voltar a sentir o verdadeiro sabor dos alimentos, voltar a ter qualidade de vida, ainda que o caminho pareça ser de pedras afiadas

"Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo."


não é uma utopia nem um oásis, há mesmo felicidade a seguir.



16'00/no meio do oceano

8 comentários:

  1. Há:
    http://youtu.be/tHAhnJbGy9M

    É um ciclo e tudo volta a repetir-se.

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  2. rosa,

    tenho taaaantas saudades das nossas conversas n'"as coisas pelo nome". as tuas sugestões musicais sempre tão refrescantes e claro falta o nosso joão azulino, que vou tratar de o trazer de novo para cá.
    adorei a música, não conhecia mas deu-me ganas de voltar a dar aulas, nem imaginas.
    e sim, é um ciclo, mas não se repete porque a pessoa vai diferente...

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  3. nunca passei por isso...mas acho que o descreveste bem...Não pretendo passar, mas o futuro é uma incógnita. Que o teu amigo consiga ultrapassar da melhor forma e reiniciar a vida, seja ela qual for e como for.

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  4. divórcios e cigarradas... eis um tema que até me parece familiar. não da família, que esses malefícios são únicos... malefícios??? ora essa! dos divórcios está tudo dito! bem aventurados os que arriscam esse caminho! já das cigarradas... bem, posso sempre dar uma achega aos personagens que jamais fumaram, ou, que, quando se viram aflitos com uma passita dada em tempos de imberbe ou despreocupada juventude, tossiram, cuspiram, viram tudo a andar à roda e juraram a pés juntos que aquilo era uma nojisse de todo o tamanho! sim, sim, este discurso é sobejamente conhecido... mas, voltando à achega... depois da paparoca, um cigarrito, para nós, doentes e pobres coitados que gastam uma pipa de massa em incontáveis maços de vício, é de um prazer indescritivél... se acompanhado por um café e uma quantas beberagens, de preferência daquelas que nos turvam a alma, então... então não há palavras! que se lixe o sabor adúlterado dos alimentos!!! ah, pois, e vivam os divórcios!!!

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  5. No, this is how it works
    You peer inside yourself
    You take the things you like
    And try to love the things you took
    And then you take that love you made
    And stick it into some
    Someone else's heart
    Pumping someone else's blood
    And walking arm in arm
    You hope it don't get harmed
    But even if it does
    You'll just do it all again


    Foi por causa da letra que pus este link e também porque acho uma música muito alegre.
    A seguir a um dos meus "divórcios" estava num estado de tragédia grega inconsolável, eis que do nada surge um "piu piu" e tudo pareceu ganhar cores novamente. Venha!
    E um cigarro depois de assinar os papéis é doutro mundo.

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  6. Gostei da analogia das brasas. E não é preciso passar pelo divórcio para o vivenciar. Toda a separação de quem amamos, de quem nos é familiar, do cheiro, da rotina, tudo é doloroso. É uma queda livre que julgamos não ter fim. Mas entendo que alguém retirar o "sim" que um dia nos disse consiga ser um pesadelo e espero nunca o sentir. E sim, há mesmo felicidade no final, quando nos reencontramos, quando nos voltamos a apaixonar por nós mesmos e a darmo-nos ao mundo para que nos ame e voltamos a sentir o vento na cara, de esperança, de gratidão.
    Adorei o blog, a escrita e todo o sentimento que lhe colocas.

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  7. "voltar a apaixonar por nós mesmos" de facto, há um distanciamento apartar do momento em que nos "envolvemos". excentrificamo-nos, o centro deixa de ser nós próprios. mesmo no final de um casamento, há a necessidade de convergir a nossa paixão, o nosso amor, o nosso objectivo em algo ou em alguém e, de certa, maneira é desta forma que "nos voltamos a apaixonar por nós mesmos". não podemos viver sem amor.

    azulinho azulino: mesmo que não assines, a tua escrita é inconfundível. seja bem vindo homem!

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  8. O Paraíso da Perfeição

    Um dia disseste que uma banda sonora me perseguia,

    que a minha mimética estouvada te abstraia,

    que no fundo de tanta determinação, parece ser

    que tudo demais simples te complicava. Esses camarões

    que te viram, sabiam que nada mais deixarias da antiga,

    para seres a nova, forte e ritmada, em bolina serrada bem determinada.

    Aqueles mais velhos, que em fundo de sonho americano, demonstravam

    porque cantamos o ar que respiramos, discursaram sobre as nossas mãos molhadas,

    como de virgens se tratassem, mesmo com olhares desgarrados.

    Porem, a tua suave mas garrida pela, acolheu-me noites sem fio, numa paz que

    só as mais fortes barras permitem em noites de tempestade desordenada.

    Claro está, que lutaste, muito e muito, vi nos olhos daquelas que só ternura o olhar

    demonstravam, nesses rápidos encontros que um homem também receia no caminho da
    perfeição.

    Um dia ensinaram-me numa qualquer revista de vendas “amarelas” que “a perfeição é
    impossível mas vale a pena tentar”, Fernado Sousa. Vale? Mesmo? E então que fazes
    se ela se ajoelha à frente, e mesmo assim, tudo o que fazes numa praia qualquer, em dia
    que não devia existir, que não estás à altura, que não é a altura, porque outras desculpas
    quaisquer não te deixam?

    Responde a perfeição: há muito planeava este encontro, mas que mesmo assim valeu
    a pena tentar, o caminho pedia escolha, sempre podia pagar o que devia, e protegido
    prosperar, ou então seguir a ignorância, que sempre é mais fácil e cómoda.

    Hoje, passado mais de 6 meses entendi. A arrogância das minhas palavras de tão
    grande chega por escorrer nestes dedos cansados de escrever o teu nome, dia após dia,
    mês após mês, na procura que entendas o erro de não entender que esquerda é virar a
    estibordo, e direita o lado daquele que a teu lado adormecia.

    Sim, arrogante, sequer dignar dirigir-me, mas quero lá saber, as milhas que te separam
    em distância social, ficam tão curtas no toque da união do par.

    Já para não falar no contexto, nas prateleiras de livros que querias encher com livros que
    o meu pai devoraria nesses dias que nunca pude ter com ele, ou nas 2ª feiras em que o
    negócio virava ócio, provando que afinal, a arte também pode ser matemática como tu
    nunca gostaste.

    E tão louco sou, em te querer chamar de mãe dia após dia, no poder que o sangue que
    me resta deixa antever a lucidez matemática que precisas e amo.

    Um dia perguntaste se estaria disponível para melhorar? Respondo agora com poderes
    para o acto: Não, estou disponível para aceitar.

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