sábado, 7 de setembro de 2013

Agradecimento

Sentei-me aqui para agradecer. Passaram três dias do meu aniversário e só agora me consegui sentar para agradecer todas as mensagens e manifestações de carinho que me enviaram. Passaram três dias depois de 4 de Setembro e não tive tempo, na altura em que recebi cada uma das mensagens, de agradecer a cada pessoa. Não tive tempo na altura mas agora posso sentar e agradecer. Porque tive a sorte de acordar hoje de manhã e não ter morrido até este momento. Também por isso agradeço a alguém. Pude, levianamente, adiar.

Cheguei agora de um funeral e não fui a tempo de me despedir. Dois anos e meio e não tive tempo.

Sempre achei que o problema de quem morre, é quem fica vivo.

Comecei por me sentar aqui para agradecer. Acho que, no fundo, o que eu quero mesmo é pedir desculpa por não ter agradecido na hora a cada uma das pessoas, o carinho que as moveu a enviar-me os parabéns.



Anabela, meu amor, isto é para ti:

domingo, 28 de abril de 2013

Golias

Amo o que te sai das mãos.
O que fazes
O que produzes
O que te sai da voz
com todos os silêncios e as quebras
Amo o que te sei
porque aqui fico,
estou,
presentificas-me,

para receber o que tens para dar
Para assimilar o que nos dás
(ainda que por vezes não seja imediato).

Por isso, perdoa-me o timing,
o tempo de espera que
necessito para
te ter dentro de mim.
Perdoa-me porque no fundo
apenas te quero ter para sempre.
A única forma de te ter
e te tornar minha
pele, unhas e suor
ainda que demore
o tempo de um gemido

perdoa-me

porque o que tens é tanto
e eu sou tão pouco
tu és tanto
e eu amo-te tudo.

Perdoa-me a tua beleza
que a não consigo suportar.




2h50

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Avesso


Preciso de fazer amor. Nem que seja por telemóvel. A quem hei-de ligar a não ser a ti, que me entendes e nem preciso de falar? Estou cheia. Preciso de dar para alguém. Queira que fosses tu. Todos os outros estão apaixonados e não sabem o que fazer com o mais que lhes possa dar.
Hoje ouvi numa letra de Caetano Veloso: És o avesso do avesso do avesso do avesso



"O completo avesso do desejo obcessivamente ocupado em repetir o mesmo de que tanto gostou pela primeira vez e, sempre de novo, procura voltar a sentir como da primeira vez, e não consegue, e por isso persiste. Mesmo que não compreendas o que te quero dizer - também eu tenho as minhas dúvidas - é nítido que vem a propósito de nós dois, ou de um só e do outro menos. "

A minha dúvida, contigo, é perceber se alguma vez exististe de facto. Não entendo o que me dizes. Não entendo o que faria amanhã. O teu domínio para comigo é moveres-me sem eu me aperceber. A única forma de continuar é geograficamente. Se há dias que acontecem, há noites que não podem acontecer pelo simples facto de terminarem com sol. Pensar em sol contigo é pensar em domínio.  Pensar em sol contigo é navegar pelos mares e dominar Tríton. Queremos isso?! Pensar em sol contigo é não saber o final mas ter a certeza que será justo. Qualquer abreviatura deste caminho é sufocar um sonho, à partida. É um ultraje, um aborto criminoso, um atentado à felicidade.
Prefiro não te ter nunca, a ter-te uma única vez. Não me chegas uma vez. Nunca te tive e sei que morreria pela vez seguinte.
O sinal de "Perigo de Morte" não devia ser colocado em  mim, como gostas de dizer, mas em ti.
De repente, a normalidade serve de suporte e passamos a ser excepção. A única excepção que faz sentido.
A que vale a pena ser vivida.

O avesso é só uma questão geográfica.


17,14/ 11 Abr

sábado, 16 de março de 2013

Poema de Bolso

 http://www.youtube.com/watch?v=9CDOioJ9lP0



Poema pequeno este que escrevo
não por falta de palavras que essas
resumem-se ao verbo.
Quero-te dar um poema de bolso.
Cose-o à pele com fios de cabelo
ou engole-o
e deixa-me percorrer-te as veias.

E para onde quer que olhes
verás através destas palavras.
Quando te sentares,
serão nestes versos que repousarás.
Quando chorares
(e eu sei que choras)
existirão na água sagrada da tua alma
pequenos pedaços de sílabas de amor.

O sonho começa quando acordo ao teu lado.
O poema repousa-te nas pálpebras,
nas tuas mãos suadas,
no teu sexo cansado,
na tua boca de pêssego entreaberto.
E a beleza é tanta
que não te consigo sussurrar sequer:

- "Bom dia, meu amor..."

Era para ser um poema pequeno,
juro!
Daqueles que memorizas
e mais parece um provérbio,
um silogismo, um ditado.
O poema que te quero dar
resume o mundo num verso:

o teu nome.


06'04/ sofa, rodeada de cadelas e da tua presença

sábado, 12 de janeiro de 2013

As coisas boas

Os segundos que antecedem
a tua chegada ao meu corpo
valem todo o tempo de espera
desde que nasci até chegar ao teu porto.
Há uma alegria quase infantil
só de pensar como te vou beijar
abraçar-te, prender-te, ter-te
amar-te e desdobrar-me em mil.
Sinto os teus lábios
antes de os beijar e morro por dentro.
Sinto a tua pele
antes de a saborear e desabo num pranto.
Admito que não tenho coerencia
nesta estranha forma de te amar.
mas por favor, tem paciencia
é por medo de te perder.

por isso,

entra rápido por aquela porta
acalma este mar de ansiedade
cresce uma criatura de paixão
alimentada pela tua felicidade.

Devo estar louca por este amor
prometo-te apenas as coisas boas
nada de angústia nem de dor
prometo-te apenas...as coisas boas.

http://www.youtube.com/watch?v=GGGVNq2sJ_k



00`05/ 12 fev/scriptorium