se eu mergulhasse fundo e iniciasse a viagem submarina por mim adentro, iria perdendo a claridade da tona da água e tudo o que me era familiar, com a descida tornar-se-ía escuro e perigoso. será a intimidade individual perigosa? o que assustaria de início, a partir de certa altura, tornar-se-ía familiar e sistemático. mergulhar nos mares interiores e ultrapassar as correntes que nos afastam da luz de lá de cima é assustador e antagonicamente é sufocante. se chegasse ao fundo do mar e conseguisse passear por ele fora com as duas pernas, se aprendesse a respirar por guelras o que me era desconhecido passaria a ser a minha casa. até que ponto a minha condição humana não seria posta em causa?
se pudéssemos virar o nosso comportamento mundano para o exterior, até que ponto poderíamos alterar a vida das pessoas que nos rodeiam? o que é que eu posso fazer hoje pela próxima pessoa que eu encontrar pela frente, ainda que não a conheça?
vou experimentar mergulhar num mar nunca dantes navegado e lançar-me À Descoberta. Ser herói do meu mar e unir-me ao mar interior da próxima pessoa que eu encontrar À frente para formar um oceano. e se eu vivesse também nesse oceano juntamente com a pessoa com que me deparei? e se essa pessoa vivesse com a pessoa seguinte com a qual se deparou? este oceano de tantas águas misturadas seria universal mas a primeira gota seria portuguesa. esta gesta não é portuguesa, não lhe pertence por ser universal, mas cada portuguÊs tem este pingo de universalidade que lhe é inerente. ser portuguÊs é ser super homem: conseguem, aguentam, adaptam, resistem, ganham, criam, sobrevivem. ser portuguÊs é ser perverso por não jogar com as mesmas regras da morte e por subverter as regras da vida.
ser portuguÊs é mergulhar todos os dias e todos os dias aprender a respirar de uma forma nova.
00h22/heróis do mar
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