terça-feira, 20 de setembro de 2011

hino

- isto foi o que me pareceu ouvir:

"pudessem vocês saber que eu não estou de facto morto. estou a ver-te! como raio não se apercebem que eu não estou morto? isto também é novo para mim, caramba. aceito, que remédio, mas ajudem-me vocês também! eu não morri. ainda, pelo menos. ouço-te, Dinis! sei o que o teu irmão te está a dizer baixinho. ele continua preocupado com quem? ahh...dinis, dinis... tivesse ele a tua coragem. não me enganei quando te disse que fechei em chave de ouro. tens muito da tua mãe, mas também tens muito de mim. sempre ouvi os teus silêncios e percebi-os perfeitamente. nunca precisámos de palavras entre nós. sinto por cada um dos meus filhos que ainda não está tudo feito. a cada um dos teus irmãos, o trabalho não está completo, dinis. pudesses tu ouvir-me, meu filho. quero que saibas isto: se eu pudesse proclamar um seguidor, eras tu a quem eu confiaria o meu papel, filho. pudesses tu ouvir-me e saberias a pena que eu tenho de não ir a tempo de te dizer o quanto te amo, o quanto te admiro, o orgulho que tenho em ti, meu piruças. sempre tive. há um fosso entre nós e a tua boa disposição ajuda-nos a fechá-lo mas não é por mal, dinis. foi assim que fui educado, não me sei expressar de outra forma. e olha para a minha cara! até parece que me ouviste, dinis, vês o meu rosto pacífico? está tudo bem, filho, não estou a sofrer, estou vivo, estou aqui e estou sem dores. fica feliz por mim. pega-me na mão e não chores, pelo menos ainda. não é justo para mim e eu sei a pessoa justa que és. nisso sais a mim...

- foi isto. não sei se foi sonho se o que é que foi.



21h12/tasquinha

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