quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Quando um cresce


O buda redondo que está à nossa frente murmura-me o nome de cada homem  que ainda terei na minha cama. Parece-me que não viverei tempo suficiente para saber o nome de todos mas o deus que me guia é o pequeno, o outro, o das coisas que cabem na palma da mão e não tenho a philos  suficiente para o contradizer.
Saímos do monumento com a sensação que lá deixámos alguma coisa. O tempo cá fora é suado e esforçado. É necessário empurrá-lo para conseguirmos passar. Custa a descer os pulmões.
Não nos olhámos nos olhos. Evitámo-nos. Sabemos que tudo vai acabar se houver algum canal que o propicie. Se não cruzarmos os olhos, não temos de falar (ainda que estivesses a meu lado).Tanto que dizer que nem é preciso dizer nada. A distância que nos aproxima é a mesma que vem por via das dúvidas. Vá-se lá entender.
Aproximo-me da velha fonte e mergulho o meu rosto, confessionário de saberes e paixões que tu não deixas, até o fundo me aparecer roxo e nublado  como o pequeno buda.



5'44 / Miranda do Corvo

1 comentário:

  1. "Somos o que pensamos. Tudo o que somos surge com nossos pensamentos. Com nossos pensamentos, fazemos o nosso mundo." Buda

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