segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"There is no force on earth more powerful than the will to live"

Há já muito tempo que não era surpreendida no cinema. Nunca fui boa a escolher filmes nem tenho o instinto para acertar nos filmes que realmente gosto. Dir-se-ía que tenho jeito para escolher o "comercialão" e fico sempre surpreendida por me surpreender quando: "não gostei".

Este filme é para ser visto. Ponto final. Mais cedo ou mais tarde, vocês terão de o ver por isso passo a verbalizar.

O Fantasporto não podia ter estreado da melhor forma. Não conheço particularmente o trabalho do actor James Franco mas a história verídica que protagoniza há já muitos anos que povoa o inconsciente humano colectivo.
Quem não se lembra de ver em todos os telejornais o fatídico caso do alpinista que, para sobreviver, teve de decepar o próprio braço?

Danny Boyle oferece-nos um Aaron cheio de força interior, independente, solitário e feliz que, quando é deparado com a sua própria finitude, testa a sua capacidade de aguentar o sofrimento (físico e psicológico) e é salvo por aquilo que só algumas pessoas conseguem: fazer o que está certo.

Costumo dizer que "é nas pequenas acções que se vê a grandeza da pessoa". Aaron (depois de dias a tentar combater o inevitável) conseguiu isolar na sua cabeça o que o mantinha preso entre as rochas e próximo da morte. reduziu-o. relativizou-o e arrancou o mal pela raíz, com uma frieza chocante. e tudo se galvanizou. quando percebeu que não conseguia voltar ao "antes", quando percebeu que nada podia ser igual apartir daquela força da natureza, ele optou pela vida, ainda que antes julgasse não conseguir viver sem uma parte importante do seu corpo. tudo se relativizou e nada foi como dantes. conheceu os seus extremos e deciciu dar o passo em frente ainda que lhe fosse desconhecido o que viria a seguir. escolheu viver e transcendeu-se. porque sabia que o outro caminho o estava a matar paulatinamente.
São estes momentos de viragem que conduzem uma pessoa para a vida ou em direcção à morte. Para viver, fez o que tinha de fazer. ainda que para isso tivesse de passar por uma dor incalculável. sabe-se, no entanto, que é humanamente impossível lembrar-se "do que dói a dor". não é possível reviver a dor. lembramo-nos de como nos comportámos perante a dor, do quanto nos retorcemos com os espasmos, de como chorámos de raiva mas não nos lembrámos da dor em si. ainda bem.

ou ainda mal porque nos poupava o sofrimento de voltar a cair nos mesmos erros.


3'39/força de avó com perna decepada "por favor, nem que morras!"

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